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a f l u e n t e s 

os braços de um rio. fluxo que alimenta e impulsiona um corpo d’água a chegar
a sua    f   o   z.

 

                especialmente neste contexto, pode-se que dizer que afluentes são todos aqueles que propulsionam                    correnteza para que o resultado do nosso trabalho possa existir.  

Artesãs bordadeiras de Entremontes / AL 

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Povoado do município de Piranhas, Entremontes se localiza a 273km da capital Alagoana, Maceió. Recebe este nome por sua localização entre as elevações geográficas da caatinga que podem ser observadas na paisagem ribeirinha às margens do rio São Francisco. O vilarejo guarda não só o centro histórico tombado como patrimônio nacional pelo IPHAN, mas também as diversas técnicas de bordado manual, dentre elas as mais conhecidas: boa-noite e redendê, passadas por gerações de mulheres locais que mantém viva a produção do artesanato tradicional. 

É lá também onde moram Maria de Lourdes Cordeiro D. S. Bezerra, Maria Alcina Capela, Renata Araújo, Angela Maria Souza, Catarina Castro, Izadora Bezerra Castro, Gilvanete de Souza, Maria Josenita Souza, Maria José Bezerra Nunes e Maria da Conceição Nunes, artesãs responsáveis pelo bordado emoldurado nas camisas, vestidos e bolsas  f  o  z. 

São gerações de mulheres que encontram no fazer manual sua fonte de renda e o sustento de suas famílias que sobrevivem essencialmente do artesanato, agricultura e pesca. De bastidor e agulha na mão, elas tecem sobre algodão e linho as flores e caracóis que remontam sua ancestralidade e a história de suas mães e avós, que deixaram no bordar o legado de suas histórias.

José Correia Nunes    -    Entremontes / AL

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Seu Zé, como é conhecido na vizinhança, tem como ocupação principal a agricultura e pecuária locais. É nas horas vagas que se dedica ao ofício de artesão coureiro, trançando tiras de couro para adornar seus animais ou mesmo criando acessórios de uso pessoal como pulseiras e cintos. A técnica, tão tradicional dos sertões nordestinos, foi aprendida pelo artesão somente através da observação de outros homens trançando, nas feiras dos interiores alagoanos. Ao assimilar a dança do couro entre os dedos dos artesãos, Seu Zé passa a reproduzir a técnica da trança sem ponta de três, cinco e até oito pernas na fabricação de itens de seu uso diário, como bolsas, cintos, chicotes e cabrestos. O trabalho que até então era somente passa-tempo do morador local de Entremontes, agora adorna as alças das bolsas Lourdes, que reúne o ofício de sua esposa, Dona Conceição (citada acima) e o seu no mesmo produto, criando diálogos entre tipologias e materiais distintos. 

Pontal Art    -     Pontal do Coruripe / AL 

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No litoral norte de Alagoas, parte do município de Coruripe, fica a associação de mulheres artesãs Pontal Art. Feita por 20 artesãs que utilizam da palha e fibra do ouricuri para trançar os mais variados tipos de utilitários, o grupo iniciou suas atividades em 2001, mas a tradição da tecitura com as fibras da palmeira vem de tempos muito mais profundos. 

As artesãs contam que seu ofício é o que garante sustento para  a comunidade e não é raro perceber pelas ruas da pequena cidade um ou outro transeunte abraçado a bolsas e sacolas que transbordam as fibras da palmeira. 

O ouricuri é uma palmeira nativa do Brasil e amplamente utilizada no Nordeste como insumo para o artesanato, podendo ser aproveitada sua palha, quando as folhas do miolo da árvore são deixadas ao sol para secarem e então trançadas pelas mãos habilidosas destas artesãs. Além das folhas, a fibra ou "linho" como é conhecida a parte mais nobre da palmeira, tem aspecto mais delicado e resulta em produtos ainda mais especiais, especialidade do grupo que desenvolve itens de decoração, acessórios entre outros produtos.

Camille e Vandinho    -    Ateliê Boca do Vento - Ilha do Ferro / AL 

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Localizado na encosta de uma das ruas que descem para o centro do povoado, o Ateliê Boca do Vento recebe este nome por de fato, ser um dos pontos mais ventilados do vilarejo sertanejo. Espaço de trabalho coletivo que reune alguns dos artistas do povoado, foi no passado o lugar de ofício de Fernando Rodrigues, mestre que deu inicio a atividade criativa com as madeiras da caatinga na Ilha do Ferro. 

É lá onde se reúnem entre outros criativos, Vandinho e Camille, ambos artistas que através da madeira dão vazão às suas criações. 

Vandinho afirma que esculpe madeira há pelo menos 30 anos, sua especialidade e o que mais gosta de executar são as miniaturas, que em conjunto viram móbiles decorativos, sempre com pingentes figurativos que remetem a objetos ordinários da vivência interiorana. 

Camille é neta de Fernando Rodrigues e carrega no sangue o ofício que herdou do avô. Uma das poucas mulheres que atua no trabalho em madeira, Camille tem estilo próprio e desenvolve peças de diversos tamanhos, sempre com feições bem humoradas e cores vivas que alegram suas criações. 

Amilton    -    Mata da Onça / AL 

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Amilton tem 16 anos de idade e é morador do povoado de Mata da Onça, no município de Pão de Açúcar, sertão alagoano.

Na pequena vila que margeia o São Francisco, ele e seu irmão, Clemilton, trabalham nas madeiras caatingueiras figuras de homens e mulheres que em poses estáticas, semblante rígido e cuidadosas escolhas de cores remetem a pequenos totens humanos.

Iniciante na arte em madeira, Amilton segue os passos do irmão mais velho à medida que busca sua própria identidade no trabalho que desenvolve, com ar mais lúdico e traços próprios que já assumem marca registrada de seu trabalho, como a linha demarcada que define o penteado de suas esculturas. 

Valéria e Augusto Zanini     -     Ramas              Sertãozinho / SP

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A dupla que integra o grupo Ramas é formada por pai e filha que se unem pela mesma paixão, o trabalho com a madeira e marchetaria tradicional.

O ofício que começou como hobby para Augusto Zanini, produzindo inicialmente caixas, logo foi percebido pela filha, Valéria Zanini, como um potencial acessório de moda, assim nasceram as clutches desenvolvidas por pai e filha na cidade de Sertãozinho, interior paulista.

Os acessórios de madeira revestidos com folhas naturais de diferentes espécies das madeiras brasileiras brincam com as texturas e cores do material criando desenhos e composições únicas assinadas pela dupla.

Atuando por 4 anos, a Ramas é parceira na Foz na produção das bolsas Camurim, feitas em madeira com revestimento em folha natural de freijó e bordado em palha de seda 100% natural.

Inbordal - Instituto do Bordado Filé de Alagoas        Marechal Deodoro / AL

Formado por 30 artesãs, o Instituto do Bordado Filé de Alagoas é um dos grupos da região lagunar, que abrange os municípios de Maceió e Marechal Dedoro, que mantém viva a tradição do bordado Filé. Proveniente do francês “fillet”, que quer dizer rede, a técnica consiste em um bordado que entrelaça linhas de algodão sobre uma base vazada criando motivos trazidos para o Brasil ainda em seu período colonial.

Sua origem indica a região da península ibérica, especialmente nos últimos séculos sendo encontrado em Portugal e Itália, em variações muito próximas da que criou raízes no estado de Alagoas. É com vista para as lagoas que as mulheres de Inbordal tecem o bordado presente em suas histórias e criam as peças desenvolvidas para Foz.

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Mimos de Dona Peró    -   Capela / AL

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Pouco mais de 100km distante da capital Maceió, a cidade de Capela guarda em sua história a vida e o legado de Dona Perolina, ou como era carinhosamente chamada, Dona Peró.

Maria Perolina Cunha Melo (1921-2007) foi uma cidadã capelense que compartilhou seus talentos com todos ao seu redor. Do bordado à pintura manual, Dona Peró dividiu os saberes que adquiriu na infância e assim deixou como herança seus conhecimentos através da fundação da escola de artes manuais (1963) que segue propagando sua história até hoje, rebatizada após seu falecimento em sua homenagem como Escola Municipal de Artes Maria Perolina Cunha Melo.

Foi através da amizade de Dona Peró e Luciana Almeida que surgiu o que é hoje a Associação Mimos de Dona Peró. Aprendiz das artes de pintura e bordado, Luciana encontrou em Dona Perolina a mestra que a ensinou tudo o que sabe hoje e foi em homenagem ao seu legado que junto ao grupo de artesãs fundou a associação que reverencia a história e herança deixadas por Maria Perolina.

O grupo trabalha principalmente na técnica de bordado livre sobre tecido plano de algodão ou linho, em peças de vestuário e decoração, representando os signos culturais da região em que vivem, como o folclore, os folguedos, a cultura da cana-de-açúcar e os motivos florais tão tradicionais dos bordados interioranos que adornaram os enxovais de nossas mães e avós.

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